Posted: 03 Oct 2010 02:34 PM PDT
Fonte: Engeplus
Acostumados a colocar no lombo dos imigrantes a culpa pelo aumento do desemprego e da criminalidade, os italianos do norte, sobretudo da Lombardia, começam a sentir na pele o furor do preconceito.
Uma campanha contra os “trabalhadores fronteiriços” ganhou as ruas e a web no cantão suíço de Ticino nas últimas semanas, com um tempero acima de sarcástico.
“A farra dos ratos” (ou balairatt, no dialeto local, resíduo do dito popular “quando os gatos somem, os ratos fazem a festa”) é o site que utiliza três camundongos como protagonistas.
Um deles é um “pedreiro italiano”, outro um “assaltante romeno” e o terceiro o ministro italiano da Economia, Giulio Tremonti, cuja política fiscal tem atacado as evasões para o outro lado da fronteira. A farra, claro, fica por conta de um queijo suíço.
A polêmica seria menor não fosse por um aspecto geocultural: Ticino é um dos cantões da Confederação Helvética em que a língua oficial é o… italiano. Para adensar as controvérsias, os vizinhos da Lombardia, distantes como Araranguá de Torres, são acusados de “roubar empregos” de trabalhadores suíços.
O epicentro da campanha está na cidade de Lugano, a maior do cantão. Invasão de fronteira, violência urbana e opressão fiscal são os temas alardeados no site e nos cartazes. Nas justificativas, a denúncia de que um trabalhador italiano se contenta em receber um salário equivalente à metade do que tem direito um suíço.
As reações mais fortes surgem em províncias lombardas como Varese e Como, de onde milhares de trabalhadores italianos se deslocam. Na página de comentários do site, a baixaria rola solta de ambas as partes. Comedido, o portal VareseNotizie tanto alerta quanto relativiza a celeuma:
Se de um lado seria perigoso subestimar a campanha, enfatizá-la acaba por torná-la bem-sucedida. E uma campanha publicitária, como se sabe, só atinge sucesso quando se fala dela, bem ou mal.
Filed under: Notícias
Posted: 02 Oct 2010 07:00 PM PDT
Fonte: Opera Mundi
O presidente do Chile, Sebastián Piñera, afirmou que a decisão da Comissão Nacional de Refugiados (Conare) da Argentina de não extraditar o ex-guerrilheiro chileno Galvarino Sergio Apablaza Guerra “é um golpe e um retrocesso para a justiça e os direitos humanos”.
“Não compartilho da decisão “, disse o presidente no palácio La Moneda na quinta-feira (30/9), segundo os jornais chilenos La Tercera e El Mercurio. Segundo ele, Apablaza “cometeu um crime no Chile, está sendo processado em nosso país pela justiça chilena e desgraçadamente esse processo se vê interrompido por uma decisão da Conare argentina”.
A extradição de Apablaza, conhecido como “Comandante Salvador” e ex-militante da FPMR (Frente Patriótica Manuel Rodríguez), é solicitada pela Justiça do Chile desde a reabertura da investigação do assassinato do senador pinochetista Jaime Guzmán Errázuriz, em 1991, cuja idealização é atribuída ao guerrilheiro. Apablaza também é acusado pelo sequestro do filho do dono do principal jornal do país, El Mercurio.
A extradição virou uma questão de Estado quando o presidente chileno declarou que seu governo faria todos os esforços necessários para que os responsáveis pelo crime enfrentem a justiça em seu país.
No dia 14/09, a Suprema Corte de Justiça Argentina autorizou a extradição do guerrilheiro, decisão que deveria ser ratificada pelo poder Executivo do país. Piñera chegou a pedir pessoalmente à Cristina que respaldasse o envio de Apablaza ao Chile. O governo Kirchner se viu em uma delicada situação diante das pressões das organizações argentinas de Direitos Humanos – entre elas as Mães e as Avós da Praça de Maio – para a concessão do refúgio político e encaminhou o caso para análise da Conare.
A recomendação da Comissão, emitida na noite de quinta-feira (30/09), foi fundamentada pela Lei Geral de Reconhecimento e Proteção ao Refugiado, que diz “nenhum refugiado poderá ser expulso, devolvido ou extraditado a outro Estado quando houver razões fundamentadas para acreditar que estariam em perigo o direito à vida, à liberdade e à segurança de sua pessoa”.
Reações
Ao questionar a decisão argentina, o presidente Sebastián Piñera disse que seu governo “irá analisar profundamente a resolução para poder determinar os novos cursos de ação”. Paralelamente, o chanceler chileno Fernando Schmidt declarou que seu país “não claudicará em realizar todos os esforços para esclarecer a verdade e para que os envolvidos nestes crimes enfrentem a justiça e recebam as penas que lhes correspondem”.
Também segundo La Tercera, Andrés Chadwick, senador da UDI, à qual pertencia Guzmán, afirmou hoje (01/10) que seu partido está avaliando recorrer à Corte Interamericana de Direitos Humanos para apelar à “incorreta aplicação” do estatuto do refugiado pela Conare argentina. Chadwick também responsabilizou Cristina Kirchner pela decisão do organismo: “É completamente inaceitável que a presidente da Argentina tenha decidido amparar um delinquente, terrorista e assassino. As relações entre ambos os países não poderão se manter como antes depois disso”, declarou.