Posted: 28 Jan 2011 05:30 PM PST
Fonte: Folha.com
Os violentos protestos que se iniciaram há quatro dias e tomaram
conta das ruas de várias cidades do Egito — entre elas Cairo, Alexandria
e Suez– começaram a ser planejados há um ano pela internet, de acordo
com relato de um jovem egípcio que mora no Brasil e voou para o Cairo na
quarta-feira (26) para aderir às manifestações. Estudante da USP, ele
conversou por telefone com a Folha.com, mas pediu para não ser identificado por questão de segurança.
“A juventude está bem organizada nas
ruas, nosso método de manifestação é pafícico. Estamos isolados, sem
internet, sem celular, apenas com telefone fixo. Eu fiz vários vídeos
dos protestos nas ruas, mas não tenho como enviar para serem publicados
por jornais no exterior”, contou o egípcio, que vive no Brasil há três
anos.
O jovem diz ainda que, apesar de os manifestantes estarem isolados e
sem acesso à internet, os protestos não foram prejudicados porque
começaram a ser planejados há muito tempo. “Começamos a nos organizar há
um ano, pela internet. Cada grupo sabe bem o que fazer”, explicou.
Segundo ele, cerca de 7 milhões de ativistas estão nas ruas, em sua
maioria egípcios que moram fora do país. “Há muita militância fora do
Egito, é mais fácil agir no exterior do que aqui dentro”.
Membro do Movimento Egípcio pela Mudança Democrática –uma das
organizações que fazem parte dos protestos, ligada ao reformista e
prêmio Nobel da Paz Mohamed ElBaradei– ele participa intensamente das
ações nas ruas desde que chegou ao país, e se preparava para sair
novamente na noite desta sexta-feira.
O estudante diz que chegou a se ferir em um dos confrontos com
policiais antidistúrbios que estão destacados nas ruas, mas de forma
superficial. “Me machuquei mas estou bem, e pronto para voltar às ruas”,
diz.
Segundo ele, cerca de 400 jovens estão feridos e outros 1.500 foram
detidos pelas autoridades egípcias. “Estamos nos alternando em grupos,
para garantir nossa segurança. Há muita violência da polícia, que está
inclusive sabotando prédios para justificar a truculência nas ruas. Mas a
juventude está agindo de forma heroica e continua nas ruas para
derrubar o presidente [o ditador Hosni Mubarak]“, diz ele.
De acordo com o egípcio, os manifestantes já destruíram sedes do
partido governista em vários pontos do país, e se preparam para tomar o
palácio presidencial em 48 horas. “Um grupo agora tenta a rádio e TV
estatal”, conta.
Na entrevista à Folha.com, o ativista disse ainda
que há rumores de que Mubarak e seu filho tenham fugido para Londres.
“Essa é uma das coisas que se comenta aqui, mas nada é confirmado,
estamos sem nenhum acesso às informações”, explica.
Caos
Ao menos cinco manifestantes morreram e cerca de 870 ficaram feridos nos
protestos para derrubar o presidente do Egito, Hosni Mubarak, no Cairo,
nesta sexta-feira, afirmaram fontes médicas. Com as mortes, sobem para
ao menos 12 o número de vítimas nos confrontos, que já duram quatro
dias.
Não ficaram claras as circunstâncias das mortes. De acordo com as
fontes médicas, 450 manifestantes estavam sendo atendidos nas ruas,
enquanto outros 420 foram hospitalizados.
Alguns feridos estão em condição crítica, com ferimentos a bala,
segundo as fontes. Policiais também foram feridos, mas o número não
ficou claro.
As cenas mais caóticas foram registradas em Suez. A agência de
notícias Reuters diz que a polícia abandonou áreas centrais da cidade,
depois que os manifestantes superaram os cordões de segurança, roubaram
armas de uma delegacia e queimaram o edifício, além de 20 veículos de
patrulha estacionados perto do local. A polícia tentou dispersar os
manifestantes, que lançaram pedras e gritavam pela queda de Mubarak.
Eles quebraram janelas e tentaram virar um dos caminhões da polícia. Os
agentes finalmente desistiram e recuaram, abandonando ao menos oito
caminhões da polícia.
No Cairo, mais de 300 pessoas foram presas e 120 ficaram feridas,
segundo disseram fontes dos serviços de segurança citadas pela agência
de notícias Efe.
Toque de recolher
O ditador Hosni Mubarak ampliou nesta sexta-feira o toque de recolher
para todo o Egito, cerca de duas horas depois de um primeiro decreto que
impunha a medida às cidades do Cairo, Alexandria e Suez, informou a
emissora estatal. A medida — que vale das 18h (14h de Brasília) até as
7h (3h de Brasília)– visa conter as dezenas de milhares de pessoas que
estão nas ruas de várias cidades pedindo a queda do governo de Mubarak,
no poder há 30 anos. As cenas são de caos e confrontos, em meio a carros
e prédios incendiados. Há relatos ainda de ao menos quatro
manifestantes mortos.
Foi a medida mais drástica até o momento para conter as
manifestações. Mesmo antes do anúncio, o Exército já enviara veículos
blindados para as ruas do Cairo –centro dos protestos. As imagens são de
violência e caos, com a fumaça de prédios e carros em chamas se
misturando ao gás lacrimogêneo lançado pela polícia. Há relatos até o
momento de quatro mortos, um deles carregado pelos manifestantes pelas
ruas de Suez.
Os veículos blindados estão nas principais avenidas de Cairo. Apesar
da repressão dura das forças de segurança, contudo, as dezenas de
milhares de manifestantes não recuam e fontes de segurança dizem que os
protestos já se espalharam por ao menos 11 das 28 províncias egípcias
–os maiores protestos do país.
As manifestações começaram pouco depois do meio-dia, no final das
orações muçulmanas da sexta-feira, e se estenderam rapidamente por
diferentes setores da capital egípcia e outras cidades do interior do
país. Manifestantes estão nas ruas, gritando palavras de ordem como
“saia, saia, Mubarak”. Eles lançam pedras e sapatos contra as forças de
segurança, que não pouparam jatos de água, gás lacrimogêneo e balas de
borracha para conter os manifestantes.
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Posted: 28 Jan 2011 05:12 PM PST
Fonte: Extra Online
Por Rosiane Rodrigues
Numa Jerusalém partida, onde judeus ultraortodoxos, sionistas,
etíopes, refugiados das guerras da África, palestinos e cristãos dividem
espaços geográficos muito bem definidos, apostar na união das
diferenças é tarefa para uma parcela da população que acredita que
coexistir é possível. São pessoas que tentam construir sonhos dos
escombros. Sabem que jamais serão iguais em suas formas de expressão,
mas buscam o respeito e a convivência, tentando aprender com o outro e
respeitar seus próprios limites.
O israelense Idan Raichel não acredita em fronteiras. Há dez anos
montou uma banda com músicos de várias nacionalidades e etnias. O
resultado? Um som que mistura atabaques africanos, sons árabes, idiomas
que vão do hebraico ao espanhol, passando pelo inglês. No palco vemos
iemenitas, etíopes, árabes, sulamericanos… Uma diversidade quase nos
moldes de uma terra multicultural chamada Brasil.
O grupo apresenta-se em vários países da
Europa e faz shows beneficentes para angariar fundos para o projeto Save
Heart Child — coordenado por Márcia Kelner e que opera crianças com
risco de morte por problemas cardíacos. No dia 14 de abril, o Idan
Raichel Project estará no Rio de Janeiro, numa apresentação do Viradão
Cultural.
Troca de experiências
Na sala de cirurgia do Save Heart Child, os cirurgiões Huri e Otsman
unem suas experiências para salvar o pequeno Osama, de quatro dias. Huri
é israelense. Otsman, palestino. O bebê nasceu na Faixa de Gaza e é
portador de uma doença congênita.
Otsman se prepara para pôr em prática técnicas de cirurgia cardíaca infantil nos hospitais da Faixa de Gaza.
— Muitas crianças morrem por não termos condições de operá-las — diz o palestino.
*Rosiane Rodrigues, colunista do blog Religião & Fé, viajou como bolsista de um curso do Museu Yad Vashen.