Roberto Abraham Scaruffi

Tuesday, 1 January 2013

Ricardo Gama



Posted: 31 Dec 2012 05:44 AM PST

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Manchete do Extra on line


 Jornal O Globo on line


RIO - Marco Antônio Vieira, pai da menina Adrielly dos Santos Vieira, de 10 anos, que foi atingida na cabeça por bala perdida e ficou mais de oito horas aguardando para ser operada no Hospital municipal Salgado Filho, no Méier, informou na noite deste domingo que a menina não resistiu:

— Acabei de perder a minha filha — disse Marco Antônio, acrescentando que ela teve morte cerebral:

— Ela está no aparelho, o coraçãozinho dela ainda está batendo, mas... Infelizmente, ela faleceu. É questão de dias ou horas para que o coração pare de bater. Tudo que podia ser feito para salvá-la foi feito — lamentou, sob o efeito de medicamentos.

No início da noite, a cabeleireira Vanessa dos Santos, de 25 anos, irmã da menina já havia informado sobre a morte cerebral de Adrielly. 

— O médico falou que ela está morta. Disse que o coração ainda está batendo, mas o cérebro parou de funcionar — revelou a cabeleireira ao Extra.

Adrielly dos Santos Vieira, de 10 anos, estava internada em estado grave desde a noite de 24 de dezembro, quando foi baleada na Rua Amália, em Piedade, em frente à casa da avó. 

— Esperança, a gente ainda tinha. Mas a gente sabia que a situação era muito grave. Vamos amanhã (segunda-feira) ao hospital, para resolver as coisas. Os meus pais estão a base de medicamentos e não podem falar — disse Vanessa.

A Secretaria municipal de Saúde confirmou a informação, por volta das 22h deste domingo. 

A menina ficou mais de oito horas aguardando uma cirurgia devido à ausência do neurocirurgião Adão Orlando Crespo Gonçalves ao plantão de Natal no Hospital Salgado Filho. Depois de tanta espera, a menina foi transferida para o Hospital Souza Aguiar, no Centro. O médico que faltou ao trabalho no Salgado Filho prestou depoimento na sexta-feira e revelou que já não ia aos plantões há um mês. Segundo a Secretaria municipal de Saúde, o diretor-geral do Salgado Filho, Conrado Weber, informou que não tem conhecimento sobre as faltas de Adão Orlando Crespo Gonçalves.

Ao delegado Luiz Archimedes, titular da 23ª DP, o neurocirurgião disse que já havia comunicado ao seu chefe, identificado por ele como José Renato Paixão, que não faria o plantão. O médico informou ainda, segundo o delegado, que não concordava com a escala feita pelo hospital e, por isso, há um mês vinha faltando os plantões. No depoimento, ele acrescentou que o hospital não estaria cumprindo o que, segundo ele, é uma determinação do Conselho Regional de Medicina: escalar dois neurocirurgiões por plantão. Na escala estaria apenas ele.

Na sexta-feira, a Secretaria municipal de Saúde informou que o nome do neurocirurgião foi retirado da lista de médicos que vão trabalhar na noite desta segunda-feira, dia 31. Segundo a secretaria, o nome de Gonçalves foi enviado à gráfica onde é impresso o Diário Oficial do Município antes de o médico ter sido afastado de suas funções, o que ocorreu na noite de quinta-feira após a abertura do inquérito administrativo. A secretaria disse ainda que enviará um comunicado oficial à imprensa sobre a mudança e também já está providenciando a correção em seu site.