Roberto Abraham Scaruffi

Thursday, 31 March 2011


Posted: 30 Mar 2011 06:53 AM PDT
Fonte: AFP

Imigrantes aguardam para serem identificados, na ilha italiana de Lampedusa

“Ajudem-nos! Não podemos continuar esperando sem saber para onde vamos”, suplicou Lassad, um tunisiano de 24 anos que dorme há uma semana ao ar livre, no chão do porto da pequena ilha italiana de Lampedusa.
“Nós apenas queremos trabalhar, ir embora daqui é nosso único pensamento”, explica em francês à AFP o jovem queimado pelo sol.
A seu lado, Ali, 20 anos, concorda com a cabeça.
No entorno, reina o caos: no porto ao qual costumam chegar habitualmente os barcos turísticos, milhares de tunisianos, todos homens e jovens, espremem-se em pequenos espaços retangulares limitados por cordas ou sacos de lixo, em frente à embarcação na qual chegaram.
Os que acabam de desembarcar instalam-se em frente ao porto, enquanto aqueles que demoram mais esperam na entrada do cais para serem levados a um albergue da Sicília ou outros no continente.
Lassad denuncia a “desorganização”: não há camas, nem abrigos para se proteger do frio à noite.
“Nos tratam como cachorros, não, pior, porque os cachorros são mais bem tratados”, corrige-se com olhos cheios de raiva.
O odor no local é forte: há apenas três banheiros para milhares de imigrantes, que precisam urinar e defecar ao ar livre em uma pequena colina perto do cais onde dormem.
Também não há chuveiro ou água corrente.
Então, por que sair da Tunísia? “No meu país, há muitas coisas que não funcionam, não há trabalho e a polícia é a mesma da época de Ben Ali”, explica.
“Viemos por trabalho e liberdade, mas sobretudo para trabalhar”, insiste depois de reconhecer: “gostaria de ir à França”, diz.
Um pouco mais longe, Ali, 29 anos, está prestes a chorar: “minha família está na Tunísia, mas ninguém sabe que cheguei, ontem houve mortes e não pude entrar em contato com eles”.
“Ao chegar, caminhamos na água, meu celular molhou e parou de funcionar por causa da água do mar”, conta.
Um pouco mais além, Abdel, com um cigarro nos lábios, está afundado na incerteza: “não sabemos de nada, para onde nos enviarão, a Palermo, a Roma… uma coisa tenho clara: não vou retornar a Túnis. Lá não vamos viver, eu quero apenas trabalhar!”.
Enquanto esperam, a convivência entre os 5.000 habitantes da ilha e os 6.000 imigrantes é cada vez mais tensa.
“Tratam os imigrantes de forma desumana, o nervosismo aumenta de um lado e do outro”, adverte Francesco Solina, porta-voz do Movimento Jovens por Lampedusa.
Como primeira solução, o governo italiano decidiu na quarta-feira enviar seis naves para retirar em torno de 10.000 pessoas.
“Espero que seja verdade, que não nos abandonem”, diz.

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Posted: 30 Mar 2011 06:30 AM PDT
Fonte: UOL
O ditador líbio Muammar Gaddafi pode viver em Uganda, disse o porta-voz da presidência deste país africano em uma entrevista à agência de notícias Associated Press. Este é o primeiro país que declara à imprensa a oferta de refúgio a Gaddafi.
O porta-voz da presidência de uganda, Tamale Mirundi, disse que a política de seu país é aceitar quem procura asilo, principalmente porque muitos ugandenses deixaram o país durante o governo do ditador Idi Amin. “Logo nós somos sensíveis àqueles que buscam asilo. Gaddafi teria permissão de viver aqui, se ele escolher por isso”, disse Mirundi.
Outra possível razão para a Uganda aceitar Gaddai é que o presidente ugandense, Yoweri Museveni, é, como Gaddafi, um dos governantes de longa data no continente africano. Museveni está no poder há 25 anos e foi reeleito em fevereiro em uma demonstração de que muitos ugandenses o estariam apoiando ainda.
Museveni planejava viajar para a Líbia em meados de março, mas decidiu enviar seu ministro das relações exteriores em seu lugar. Dias depois, o presidente de Uganda divulgou um relatório de nove páginas acusando os EUA e a Europa pela operação militar na Líbia. Segundo ele, a ação seria uma interferência em questões internas. Ele também parabenizou Gaddafi, apesar de defender a negociação entre o ditador líbio e os rebeldes.
Um fator complicador para Gaddafi viver em Uganda pode ser a Corte Criminal Internacional, que deve abrir investigação contra o líder líbio. A Uganda é um dos signatários do estatuto que criou a corte.
Atualmente, a Uganda conta com mais de 20 mil refugiados do Quênia, Somália, Sudão, Eritréia e Ruanda.
* Com informações da Associated Press

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Posted: 30 Mar 2011 06:22 AM PDT
Fonte: ACNUR
Os resultados do Diagnóstico Participativo são usados pelo ACNUR e seus parceiros como insumos para o planejamento estratégico referente ao período 2012-2013. (Foto: K. Fusaro/ ACNUR)
A falta de moradia e o acesso ao mercado de trabalho são os principais desafios enfrentados atualmente pelos refugiados e solicitantes de refúgio que vivem no Brasil. Esta avaliação foi feita pelo próprios refugiados por meio do Diagnóstico Participativo, um processo de consultas conduzido anualmente pelo Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) com a participação das populações sob seu mandato e das agências implementadoras dos projetos do ACNUR.
Neste ano, cerca de 200 refugiados e solicitantes de refúgio participaram do exerício, que aconteceu em diferentes pontos do país, como São Paulo, Porto Alegre, Manaus e Rio Branco – entre outras cidades. Por meio do Diagnóstico Participativo, os refugiados e solicitantes de refúgio apontam suas necessidades de proteção e soluções para seus problemas, além de boas práticas, ampliando a participação deles no planejamento das operações do ACNUR e dos seus parceiros.
Além de moradia e trabalho, temas como educação e documentação também foram discutidos.  Os refugiados e solicitantes de refúgio também ressaltaram problemas de discriminação e saúde. Durante o exercício, os refugiados foram dividios em grupos com base em critérios de idade, gênero e origem.
Em relação ao trabalho, os principais problemas apontados foram dificuldade em encontrar emprego, baixos salários, falta de qualificação profissional, carteira de trabalho não assinada, demora na emissão de documentos. Para solucionar estes problemas, os refugiados sugeriram parcerias com empresas, apoio na elaboração de currículos e cadastramento em agências de emprego.
Na área de moradia, os maiores problemas são o alto preço dos aluguéis e as exigências burocráticas das imobiliárias, como fiador e comprovação de renda. Adicionalmente, os refugiados sem visto permanente têm restrições para acessar programas de crédito habitacional. Como soluções, os participantes do Diagnóstico Participativo sugeriram a construção de abrigo públicos específicos para refugiados, políticas govermantais mais flexíveis e ajuda financeira por parte do ACNUR.
Em diversos grupos de discussão, vários participantes mencionaram que se sentem discriminados por serem estrangeiros ou devido à sua condição de refugiado e de soliciante de refúgio. Esta discriminação, que pode ter como causa a desinformação sobre o tema do refúgio, reduz as oportunidades de trabalho, comprometem a geração de renda e dificultam sua integração sócio-cultural. Para enfrentar este problema, foram sugeridas campanhas de conscientização sobre o refúgio voltadas para a população e para potenciais empregadores no setor privado.
Os resultados do Diagnóstico Participativo são usados pelo ACNUR e seus parceiros como insumos para o planejamento estratégico referente ao período 2012-2013. A reunião de planejamento, que terminou hoje em Brasília, reuniu a Associação Antônio Vieira (ASAV), a Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Manaus, o Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH) e o Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH).
“É difícil encontrar soluções para todos os problemas levantados, mas o Diagnóstico Participativo aponta rumos que o ACNUR e seus parceiros devem tomar para melhor proteger e assistir os refugiados e solicitantes de refúgio”, afirma Orlando Fantazinni, coordenador do CDDH, que implementa o projeto de reassentamento de refugiados no interior de São Paulo.
O exercío também permite que questões específicas de grupos mais vulneráveis sejam discutidas. Para a coordenadora da ASAV, Karin Wapechowski , “no Diagnóstico Participativo, as refugiadas têm a oportunidade de manifestar-se perante um novo cenário de proteção e garantia de seus direitos, numa perpectiva de gênero”.
O Diganóstico Participativo é um exercício conduzido em todo o mundo pelo ACNUR para permitir que os refugiados e solicitantes de refúgio participem dos processos decisórios sobre programas e projetos relativos a seu bem estar e proteção, proporcionando um espaço coletivo de reflexão e debate na busca de soluções para uma melhor integração local dos mesmos.
De acordo com a Convenção da ONU de 1951, um refugiado é aquela pessoa que está fora de seu país natal devido a fundados temores de perseguição relacionados a raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opinião política. Também são consideradas refugiadas pessoas obrigadas a deixar seu país devido a conflitos armados, violência generalizada e violação massiva dos direitos humanos. Segundo o Comitê Nacional para Refugiados (CONARE), o Brasil tem hoje 4.500 refugiados. Desses, 64,5% provém da África, 22,4% de países da América e 10,6% da Ásia.
Luiz Fernando Godinho e Janaína Galvão, de Brasília