Cartacapital.com.br (18/02/2013): A Comissão da Verdade do
Estado de São Paulo pretende pedir explicações à Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo (Fiesp) e ao Consulado dos Estados Unidos sobre possíveis
relações entre as duas instituições e os serviços de repressão na época da
ditadura militar. Indícios dessa ligação foram encontrados pela comissão em
documentos do Arquivo Público do Estado de São Paulo e apresentados em
audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo nesta segunda-feira
18. Entre os documentos, há seis livros datados dos anos 70 do século passado
que registram entradas e saídas de funcionários e visitantes do extinto
Departamento de Ordem Política e Social (Dops) em São Paulo, um dos órgãos de
repressão da ditadura militar.
Segundo a comissão, nesses
livros, foram encontrados registros de entradas de Geraldo Resende de Matos,
cujo cargo é identificado como "Fiesp", e do cônsul dos Estados Unidos na época,
Claris Rowney Halliwell. Embora tenham restado poucos livros de registro de
entrada e saída de tais órgãos nesses anos, os seis documentos encontrados no
Arquivo Público "são eloqüentes e falam por si", disse Ivan Seixas, membro da
Comissão Estadual da Verdade.
De acordo com ele, todos os
que passavam pelo Dops eram identificados e registrados nos livros que
mostraram, por exemplo, diversas entradas do cônsul americano ao local. Uma
delas, no dia 5 de abril de 1971, coincide com a data de captura de Devanir José
de Carvalho, o comandante Henrique, integrante do Movimento Revolucionário
Tiradentes (MRT), que, levado para o Dops, foi torturado e morreu dois dias
depois. O livro indica a entrada do cônsul, mas não a saída, o que faz supor que
ele possa ter permanecido muito tempo no local. "O que esse cidadão diplomático
fazia dentro do Dops, onde pessoas estavam sendo torturadas? É impossível que
ele não tenha ouvido as torturas", questionou Seixas.
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