Roberto Abraham Scaruffi: O Brasil não tem não mesmo uma meia indústria competitiva, mas se consola com delírios comunistas e fascistas

Monday 8 July 2013

O Brasil não tem não mesmo uma meia indústria competitiva, mas se consola com delírios comunistas e fascistas

“Dez mil nas ruas de Natal” e mais 4 atualizações

Link to Jornal A Verdade


Posted: 07 Jul 2013 06:33 PM PDT
Dez mil nas ruas de NatalNo dia 28 de junho, aconteceu mais uma grande passeata nas ruas de Natal. Cerca de dez mil pessoas foram às ruas para defender um transporte público de qualidade e o passe-livre. A concentração ocorreu na Praça Cívica e, em seguida, passou pela Câmara Municipal, Sindicato das Empresas de Ônibus do Rio Grande do Norte (Seturn) e, por último, pela Prefeitura.
Participaram do ato diversos sindicatos, partidos de esquerda, movimentos sociais e, em sua maioria, a juventude. Palavras de ordem como “Da Copa eu abro mão, quero meu dinheiro pra saúde e educação” marcaram toda a passeata. Foi uma demonstração de indignação contra as injustiças do nosso País e também foi marcado por um espírito de unidade e liberdade para todos que estão na luta.
Alex Feitosa, Natal
Posted: 07 Jul 2013 06:18 PM PDT
Polícia reprime povo para defender a FifaEm Fortaleza, a primeira manifestação ocorreu no dia de 17 de junho, convocada pelas redes sociais. Sendo organizada em repúdio à dura repressão sofrida pelas passeatas na Capital paulista. Cerca de 500 pessoas se concentraram na Praça da Gentilândia, ao lado do Estádio Presidente Vargas, onde a seleção brasileira de futebol realizou seu primeiro treino antes do jogo contra o México. Os manifestantes caminharam pelas ruas do Centro até o Marina Park Hotel, onde a seleção estava hospedada. O protesto terminou de maneira pacífica.
No dia 19, cerca de 80 mil manifestantes se concentraram no supermercado Makro, na BR-116, e seguiram em passeata rumo à Arena Castelão no intuito de denunciar os gastos exorbitantes promovidos pelos governantes para garantir a Copa das Confederações. Foram impedidos de seguir adiante pelas barreiras promovidas pela Força Nacional de Segurança e da Polícia Militar. Mais de 50 manifestantes foram feridos.
No dia 20, cerca de 30 mil estudantes liderados por suas entidades se concentraram na Praça Portugal rumo à Assembleia Legislativa e, em seguida, ao Palácio da Abolição (sede do Governo Estadual). Eles exigiam redução imediata da tarifa de ônibus dos atuais R$ 2,20 para R$ 2,00; cancelamento imediato das obras do Aquário e da Ponte Estaiada; Reforma Política; criação de um Fundo para obras contra a seca; destinação de 10% do PIB para a educação e 10% para a saúde; aumento salarial para os professores; realização de concurso público para professor efetivo para as Universidades Federais e Estaduais; e entrega imediata de todas as carteiras de estudante 2013. Também se manifestaram contra as remoções e os despejos de comunidades ocasionados pelos megaeventos.
No dia 21, houve a concentração de manifestantes no Centro Cultural Dragão do Mar, por volta das 17h. Essa nova manifestação reivindicou maiores investimentos na área da educação, com o tema “Educação 10”, com a participação de 10 mil pessoas, culminando na Prefeitura. O Paço Municipal se encontrava cercado por 250 guardas municipais e pela tropa do choque, que reprimiram os manifestantes com bombas de gás e balas de borracha. Por volta das 21h, representantes da prefeitura receberam uma comissão de sete manifestantes.
No dia 27, cerca de 800 manifestantes se concentraram na Avenida Dedé Brasil, em frente ao Campus da UECE a partir de 10 horas. O movimento foi ganhando força e prosseguiu rumo à Arena Castelão, contando com cerca de cinco mil participantes. Nesse dia, ocorreu o jogo pela Copa das Confederações entre Espanha e Itália. Este ato, em especial, contou com a participação de vários segmentos sociais, entre eles estudantes, professores, policiais, enfermeiros, motoristas de ônibus, entidades estudantis, sindicatos, agricultores vítimas da seca, movimentos sociais que lutam por terra e moradia, além de partidos políticos.
Por volta das 13h, começou a violência policial com balas de borracha, bombas de efeito moral, gás lacrimogênio e um canhão supersônico, que emite um som ensurdecedor, provocando danos à audição e náuseas, deixando as pessoas em estado de desorientação. Os manifestantes resistiram com muita coragem e sem recuar. Nesse ato foram detidas 84 pessoas, sendo 23 adolescentes.
Waldiane Sampaio, Fortaleza
Posted: 07 Jul 2013 06:02 PM PDT
Juventude conquista redução de passagens no RioUma onda de manifestações tomou conta do Brasil, e o Estado do Rio de Janeiro registrou as maiores passeatas desse movimento. No dia 17 de junho, mais de 100 mil pessoas contra os aumentos nas tarifas dos transportes públicos.
Vendo o enorme crescimento do movimento, o governador e o prefeito da Capital resolveram atender a reivindicação da passeata. No dia 19, anunciaram a redução das tarifas de metrô, trem, barcas e ônibus. Porém, isso não foi o suficiente para acalmar quem já está cansado de ver o custo de vida só aumentar. No dia seguinte à redução das tarifas, mais de um milhão de pessoas tomaram o Centro da cidade em manifestação exigindo tarifa zero, CPI dos ônibus, mais verba para saúde e educação, contra os leilões de petróleo e contra as privatizações, entre outras bandeiras.
Além dos atos no Centro da Capital, diversos bairros e cidades do Estado fizeram grandes manifestações. Fruto dessas manifestações mais cinco cidades da região metropolitana também reduziram a tarifa.
Contra a repressão policial
Durante todas as manifestações, viu-se a maneira truculenta com que a Polícia tem reagido. Tiros de fuzil e pistola para o alto, agressões e uso de “armas não letais” são comuns e contra todos que estiverem passando perto da passeata, sem nenhuma distinção e consequência.
Prisões sendo realizadas sem nenhuma prova, como no caso de Caio Brasil, estudante de Engenharia da UFRJ e militante da UJR, que foi preso e permaneceu em um presídio de segurança máxima durante três dias. No dia 25, mais de três mil pessoas participaram da reunião do Fórum de Lutas Contra o Aumento das Passagens e aprovaram a realização de novos atos e de que a luta continuará. Não basta reduzir as tarifas, precisa sair do bolso dos empresários de ônibus e não dos cofres públicos como querem os governantes. A luta segue também contra as privatizações, contra a repressão policial e pela anulação dos processos contra os manifestantes.
Rafael Coletto, Rio de Janeiro
Posted: 07 Jul 2013 05:44 PM PDT
Cris da Silva, presa em Recife durante manifestaçõesOs atos pela redução das passagens em Pernambuco movimentaram diversas cidades do Estado, em especial na Capital, Recife. No Sertão, a famosa ponte que liga as cidades de Petrolina e Juazeiro (na Bahia) parou as duas cidades; em Caruaru, mais de cinco mil pessoas foram às ruas.
No Recife, desde o dia 20, milhares de pessoas ocupam as principais avenidas. Com a justificativa da eterna “proteção”, a Polícia colocou nas ruas um arsenal de guerra, com cavalaria, cachorros, guarda municipal, batalhão de operações especiais, carros, jipes, motos, helicópteros.
Tudo à disposição para um enfrentamento, que certamente é desigual. Mesmo assim, cerca de três mil manifestantes saíram às ruas no último dia 26, com o objetivo de entregar uma pauta ao governador. Todos seguiram para o Centro de Convenção, onde está funcionando a sede provisória do Governo. Além os cartazes, faixas e caras pintadas, muitas bandeiras de sindicatos, entidades estudantis e de movimentos sociais foram erguidas.
Pouco diálogo e muita repressão
Uma dessas bandeiras era a do DCE-Fafire (Faculdade de Filosofia do Recife), erguida por sua presidente, a estudante de Biologia de 19 anos, Crislayne Maria da Silva. Cris, conhecida liderança estudantil, passou toda a manifestação à frente da marcha, com um megafone na mão, levantando palavras de ordens e ajudando na organização. Por volta das 19h, quando houve a dispersão do ato, foi presa quando voltava para casa com um grupo de cerca de 50 pessoas. Todos foram revistados e foi nada encontrado. Mesmo assim, a estudante foi cercada por mais de 20 policiais e, apesar de muito protesto e resistência dos presentes, a prisão foi efetuada.
Cris foi levada para diversos lugares: primeiro para o posto da PM no Hospital da Restauração, depois para a Delegacia de Menores; na madrugada, para a Delegacia do Bairro de Santo Amaro, às 06h da manhã para o IML e, em seguida, para a Colônia Penal Feminina Bom Pastor. Os manifestantes que acompanharam esta verdadeira saga também foram ameaçados de prisão. Imediatamente uma rede de aliados foi construída (OAB, sindicatos, entidades estudantis, professores, movimentos religiosos e centenas de estudantes). Um grupo de advogados entrou com o pedido de habeas-corpus.
A liberdade de Cris se deu por volta das 15h do dia 27, quando familiares amigos e manifestantes esperavam, em vigília, sua soltura. A seguir entrevista da líder estudantil Cris Maria ao jornal A Verdade.
A Verdade – Como foi sua prisão?
Cris da Silva – Quatro policiais abordaram nosso grupo, que seguia pacificamente pela Avenida Conselheiro Aguiar, e começaram a revistar a bolsa de todos e  pediram que eu pegasse uma mochila que estava aberta no chão. Logo em seguida, sem diálogo, anunciaram que eu estava presa. Os outros manifestantes não aceitaram, pois era um absurdo o que estava acontecendo. Fui encaminhada à GPCA (Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente), onde a tal mochila já não existia mais. No lugar dela, eles estavam com uma sacola plástica contendo um refil para carregar isqueiro e fogos de artifício.
O delegado achou um absurdo aquela situação, e só então me perguntaram nome e idade. Respondi e fui encaminhada à Delegacia da Mulher e posteriormente, por volta das 18h, à Delegacia de Santo Amaro. Só fui ouvida às 04h da manhã. Antes mesmo de me ouvir, a delegada anunciou que eu só sairia de lá após pagar fiança de cinco mil reais.
Quais lições você tira deste processo?
Um governador que se recusa a ouvir o povo, que se esconde atrás da Polícia e reprime as manifestações populares não representa os interesses de ninguém, a não ser seus interesses e dos demais poderosos a sua volta! Tudo que passei me motiva ainda mais a estar nas ruas lutando por uma sociedade mais justa. Foi como uma prova que só fortaleceu a convicção daquilo que eu defendo, que é um governo do povo para o povo!
Elizabeth Araújo, Recife
Posted: 07 Jul 2013 05:34 PM PDT
Foto: Camila Sol
Foto: Camila Sol
A explosão de manifestações ocorridas em todo o Brasil também teve profundas repercussões em Minas Gerais, em particular Belo Horizonte. Diferente do aconteceu em outros estados, o maior alvo dos protestos foi a Fifa e os Governos Federal, Estadual e Municipal.
A primeira jornada de manifestações aconteceu no dia 15 de junho, reunindo oito mil pessoas, que fizeram uma passeata da Praça da Savassi até a Praça Sete, tendo à frente o Copac (Comitê Popular dos Atingidos pela Copa), o Movimento Fora Lacerda e a União da Juventude Rebelião (UJR).
A segunda manifestação ocorreu no dia 17 e reuniu cerca de 30 mil pessoas. Neste ato, foi visível a presença de grupos de direita, de pessoas ligadas ao PSDB, de skinheads, de P2s, grupos militares de extrema direita com o objetivo de atacar os partidos de esquerda e as organizações populares. Ao final desse ato, um provocador infiltrado rasgou uma bandeira do MLB, demonstrando a clara intenção de intimidar as lideranças populares.
Ganhar as massas para as ideias avançadas
A partir daí, uma assembleia popular horizontal, organizada pelo Copac, reuniu milhares de pessoas debaixo do Viaduto Santa Tereza. Na primeira assembleia, muitas pessoas defenderam a retirada das bandeiras de partidos de esquerda das manifestações, mas a maioria rechaçou esta posição, por se tratar de posição antidemocrática, defendida, inclusive, pela direita e seus meios de comunicação. Fez-se um grande e rico debate sobre a necessidade de todos defenderem as bandeiras vermelhas e combater os fascistas, num entendimento de que os partidos que estavam nos atos não eram governistas, bem como da necessidade de conversar com os milhares de manifestantes para esclarecê-los, ou seja, disputar suas consciências.
Essa luta política aberta modificou radicalmente a organização e a condução das manifestações seguintes. Deu um rumo às mobilizações e garantiu a vitória da unidade. Nesse mesmo dia, após a assembleia, todos comprovaram que grupos de provocadores, fascistas e oportunistas de direita depredavam o prédio da Prefeitura de Belo Horizonte para responsabilizar o movimento social organizado. Sem nenhuma presença policial no Centro de BH, quebra-quebra e saques seguiram-se pela madrugada, reforçando ainda mais o sentimento de que as manifestações deveriam ser comandadas pelas organizações políticas e lideranças populares que se reúnem em torno do Copac.
Uma lição aplicada no ato organizado no dia 20 de junho, que reuniu 40 mil pessoas. Centenas de infiltrados provocavam os militantes dos partidos de esquerda, insuflavam as pessoas a agredir os que estavam com bandeiras vermelhas. Um grupo de 30 skinheads neonazistas armados investiu sobre os partidos, mas foram rechaçados por anarquistas, comunistas, militantes populares e todos os que condenavam o fascismo.
A repercussão foi tão grande que a edição do dia 21 de junho do jornal Estado de Minas, comentando sobre a presença dos partidos nas manifestações o jornal reconheceu a firmeza dos militantes do PCR, descrevendo-o como “uma organização de esquerda muito forte no movimento estudantil”, por não ter se intimidado, respondendo “bandeiras na mão, liberdade de expressão”.
Uma nova assembleia do Copac atraiu uma presença ainda maior de pessoas, consolidando-se como núcleo de aglutinação de forças, fortalecendo as decisões anteriores e avançando nos preparativos para o ato do dia 20, dia do jogo entre México e Japão pela Copa das Confederações, no Mineirão, quando 200 mil pessoas participaram da maior manifestação da história de Belo Horizonte. As bandeiras vermelhas tremulando, todos os movimentos sociais e organizações políticas de esquerda presentes. Grande unidade popular. O verde e amarelo predominava, mas todas as cores estavam presentes. A resposta do Governo foi reprimir violentamente os manifestantes. Outras 100 mil pessoas participaram do ato no dia 26 de junho, dia do jogo entre Brasil e Uruguai. Na véspera, o governador Antônio Anastasia pediu reunião de urgência com os presentes do Copac. Uma comissão de dez pessoas se reuniu com o governador, entre elas, Gladson Reis, da AMES-BH e da UJR, e Leonardo Péricles, do MLB. Apesar da ampla divulgação dada pelo Governo, nenhum acordo foi assinado e foi exigido que a PM não infiltrasse provocadores no meio dos manifestantes.
Diferente do que ocorreu em vários lugares, em Belo Horizonte conseguiu-se vencer os oportunistas de todo tipo, sabendo enfrentar as adversidades com unidade popular e combatividade, respeitando a amplitude e diversidade, mas sem se descaracterizar sua política de enfrentamento às políticas conservadoras e neoliberais dos governos constituídos.
Fernando Alves, dirigente do PCR de Minas Gerais